Conversa
ao pé do fogo.
Este
escotismo não é o meu – Parte II.
Eu tento entender as
mudanças do tempo. Do escotismo de ontem e o de hoje. De uma fraternidade sem
igual antes hoje temos alguns poucos demonstrando tal agressividade que muitas
vezes fujo do ambiente para evitar contestações que não constam do meu
dicionário Escoteiro. Existe por parte de alguns poucos uma enorme vontade de
crescer, de ser alguém, de comandar, de demonstrar conhecimentos que não medem
seus atos para atingir seus objetivos. Espalham-se pela nação brasileira, chefes
que se tornaram lideres em suas unidades, cuja performance não tínhamos contato
e que hoje parecem pertencer à outra classe social escoteira. Nem ao menos um
alô, como vai tudo bem, um dia destes vamos tomar um cafezinho e falar de nossa
amizade. Isto não existe mais. Se você publica um artigo, um pensamento, uma
escolha, sempre um a interpretar a sua maneira e as respostas são muitas vezes
agressivas, esquecendo-se um pouco da cortesia do cavalheirismo. Sempre pensei
que o escoteiro é cortês, pois assim aprendi no ontem que julgo valer para o
hoje.
Outro dia publiquei um
relato de um ex-voluntário, ou ex-chefe sobre sua decepção com o trato daqueles
que deviam lhe dar apoio. Se o monitor não dá um sorriso, um aperto de mão, se
ele não se mostra cavalheiro no trato com seus liderados quem vai querer
continuar naquela patrulha? O mesmo seria no Grupo, na sessão onde atua e
encontra alguém que se posa de dono da verdade, de autocrata, demostrando ser
superior a tudo e a todos. Quem vai ficar ali naquele ambiente que o sorriso, o
abraço o bem vindo e o eu conto com você não existe? Não é um caso isolado, eu
mesmo na minha idade, achava conhecer o escotismo de B-P e já fui
ridicularizado, achincalhado, não só aqui como também em algumas atividades que
compareci. Falta de respeito? Falta de ética? Ou seria falta de espirito Escoteiro
ou de educação?
Porque este
endeusamento, esta vontade de ser maior que todos, este sonho estupido de mostrar
que é o tal, de sobrepujar um companheiro que procura ter os mesmos ideais e é
ridicularizado, tratado com inferior? Não seria melhor receber com um sorriso,
dar um abraço respeitoso, dizer com carinho que você é benvindo, que contamos
com você, que você é importante para nós? Isto é difícil? Nossa fraternidade
está sendo destruída por estes que se julgam mais que os outros, estes
prepotentes que se aninharam no escotismo e aqui se acasalaram para tentar
mostrar ao mundo deles que também são lideres, são chefes importantes, são
velhos lobos, são formadores, ou seja, lá o que for. Sei que são minoria. Fico
na duvida se isto é marketing, se é para nosso crescimento, se é para mostrar
que nossa lei vem em primeiro lugar. Já me disseram que temos tal numero de
chefes que quase chega a quatro jovens para cada adulto. Bom isto não? Mas me
diga, qual é a evasão, o Turnover, a rotatividade? Quantos chegaram ao presente
e quantos se foram?
Já fui ridicularizado
por falar do meu passado, do escotismo que fiz dos meus sonhos que ficaram no
tempo e que gostaria de deixar um legado, mas poucos são os que se preocupam em
ouvir os velhos lobos. Eles não se interessam em ouvir os mais velhos que
passaram por tantas vissitudes e adversidades. Em qualquer ambiente que chego
alguém me olha enviesado. Parecem assustados, outros se transformam em Grandes
chefes. Poucos consultam, poucos perguntam. Você fica triste quando vê sua
atuação junto aos jovens. Ali ele mostra seu estilo ditatorial, esquecendo que
o escotismo não é para ele e sim para os que estão ali esperando dele receber a
felicidade de um escotismo perfeito.
Estes se arrogam em dizer
que sabem o que fazer. Querem sim deixar seu legado. Dizem que B-P ficou no
passado só faltam dizer que B-P agora são eles. Quanto engano do nosso
fundador. Pessoa de fino trato, educado, sempre dizendo nós em vez de dizer
eu. Mudam tudo, são pródigos em batizar
programas e projetos cheios de pompa para declinar a força sem consulta seus
programas de hoje e de amanhã. Afinal a modernidade é dos novos que vivem ela a
cada dia assim dizem. Os velhos escoteiros só entendem de machadinha, de nós,
de orientação. O moderno supre tudo isto. Na minha condição de saudosista fico
matutando, porque tantos estão saindo? Ninguém diz nada? Os boquirrotos
falastrões sempre tem uma explicação.
Aí vem novas eleições
Escoteiras. Alguns estados já elegeram seus novos lideres e outros ainda o
farão. A União dos Escoteiros do Brasil terá uma nova safra. Quem são? Tem
algum que se preocupa em dar a todos o direito da palavra, de votar e ser
votado? De ser consultado? Ou ele só saberá pedir votos e se mostrar como
competente dando tapinhas nas costas e sorrindo como politico nacional? Será
que perdeu algumas horas para perguntar, dar aos jovens a palavra para opinar e
programaram seus feitos futuros com suas ideias? Dizem que os Jovens lideres
foram criados para isto. É mesmo? Jovens lideres? A maioria acima de dezoito
anos até vinte e seis? Nesta idade eu casado com três filhos, IM, DCB, dava
cursos e o escambal. Eita humildade que não existe a não ser para bajular alguém.
Eles sabem que sempre tem alguém para bater palmas dar parabéns, dizer palavras
bonitas de incentivo.
Hoje somos quase
perfeitos. Temos uma nova safra de grandes pensadores, de pedagogos, de
psicólogos que se gabam do seu curriculum. Estão esquecendo que o escotismo é
do jovem. Falam em nome dele, mas esquecem de conversar com ele. De ouvir suas
opiniões e por em prática o que pensam. Fico pensando se não estamos formando
jovens robôs, jovens que sabem ouvir e seguir e incapazes de dirigir seu próprio
rumo. Que adianta a chegada de milhares de voluntários e nem sabemos quantos
ficam e quantos se vão. Não sabemos de nada. Não temos dados confiáveis. A UEB
é uma fortaleza onde se discute mudanças em quatro paredes e que poucos
conseguem chegar. Suas publicações escondem muitas verdades que foram
discutidas e aprovadas a quatro mãos. Aquele Velho Doutor de nome Jean Cassaigneau (vide relatório publicado na
Fanpage Só historias e contos do Chefe Osvaldo) já dizia que a estrutura da UEB
é feudal e fechada. Cada membro está fazendo do seu jeito. Só querem fazer sua promoção
pessoal. Ele feliz recita que a UEB é uma fogueira de vaidades onde se briga
por besteira! Palavras dele não minha.
Alguns destes lideres
repetem sempre que o passado se foi e devemos viver o presente pensando no
futuro. Concordo, mas se querem saber no passado éramos mais amigos, mais
fraternos. Ficávamos horas e dias conversando, trocando ideias, pensando qual o
melhor caminho a seguir. Éramos uma raça de cavalheiros leais, humildes sem
pensar ser o melhor de todos. Eu como muitos também tenho um sonho. Um sonho Escoteiro
aonde o amor vem em primeiro lugar. Onde a fraternidade não tem fronteiras e
reconhecer o direito de quem quer fazer escotismo em outro lugar Meu sonho tem
muitos caminhos, caminhos difíceis cheios de pedras e difíceis de atravessar.
Mas ainda vejo a meninada, a moçada, os adultos e todos que estão chegando
recebendo um aperto de mão, do lobo ao chefão sempre dizer – Seja bem vindo,
gosto de você, nos ajude nesta cruzada, contamos com você!