sexta-feira, 31 de março de 2017

O "velho" e saudoso bastão Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
O "velho" e saudoso bastão Escoteiro.

                      Tenho lido aqui no Facebook comentários a respeito do bastão Escoteiro. Interessante. Já há tempos foi abolido e abandonado na maioria das tropas Escoteiras. Apenas algumas ainda se arriscam a tê-los. Quem comenta mais são os saudosistas. Eu entre eles. Agora que não existem mais ainda bem que sobrou o bastão da Patrulha, claro sem ele como usar totem? Tenho receio que também vão aboli-lo.  Não sei. E o totem onde vai parar? Os “çabios” da UEB sempre irão achar um lugar! Não digo que não usaria de novo. Mas porque não? Para dizer a verdade eu usaria sim. Mas concordo com o que dizem. Um trambolho para levar e trazer do acampamento e muitos que não estão acostumados irão esquecê-lo em qualquer encruzilhada de uma aventura, acampamento, ou seja, lá o que for. Mas meus amigos, sempre disse que tudo é uma questão de costume. Hábito de comportamento.

                         Quando jovem eu mesmo o fiz assim como os demais patrulheiros. Calmamente sem pressa. Escolhi o meu primeiro de um pé de goiabeira, acho que durou muitos anos. Mesmo passando para os seniores eu ainda o usava, apesar de que nesta sessão praticamente ninguém nunca o usou. A Patrulha sabia reconhecer um bom bastão escoteiro. Ele contava a história de seu dono. Seu tempo de atividade, seu crescimento, suas etapas, seus acampamentos. Mil coisas. Lembro que até os cursos escoteiros do passado todos os alunos ainda usavam o bastão.

                     Mas o bastão queira ou não tinha mil e uma utilidades. Abrir picadas em matas, se defender de animais peçonhentos, e olhe importantíssimo em trilhas desfeitas para fazer barulho e espantar alguma cobra no caminho. Elas correm ao ouvir o som. Ele era imprescindível em jogos, (lembranças gostosas do Quebra Canela!) serviam como escada para elevar um Escoteiro em uma árvore alta, na montagem de campo e claro nunca esquecer suas mil e uma utilidades nos casos de emergências: - Uma torção do pé, alguma dor na coxa e se necessário se transformar em uma maca rapidamente com duas camisas. Quando acampava ninguém ficava sem seu bastão.

                  Logo ao descer a tralha da carretinha ou de um ônibus sempre lembrava que não deviam esquecer-se de fazer seu bastão Escoteiro e andar com ele. Fácil de fazer. Medidas? Altura até o inicio do pescoço, uma circunferência do dedo indicador e polegar em forma de O, e pronto você tem seu bastão escoteiro. Escolher uma madeira boa nem sempre é possível. Mas você deve lembrar aos escoteiros que ele deve aguentar seu peso, e não deve ser pesado para que fique fácil seu manuseio. Dependendo do bambu é uma boa pedida e pode ser usado sem sombra de dúvida. Claro que ao terminar o acampamento ele seria descartado.

                    Muitos não gostavam. Escolheram tanto e agora jogar fora? Não dava para pegar ônibus urbano, mochila, sacos de intendência e bastão. Mas sempre dávamos um jeito. Lembro-me que qualquer Escoteiro sabia como usar. Quando estavam em forma, em posição de alerta (sentido), descansar ou saudando a chefia e a bandeira e andar em marcha de estrada. Até hoje gosto de ver um Monitor ou sub. passando o bastão para o outro. Uma cerimonia que todos orgulhavam. Não sem se ainda fazem assim. Mudou-se tanto! Ah! Esses “çabios” da liderança de hoje inventam tanto!

                Mas convenhamos que hoje ele seja supérfluo. Quem o dispensou eu não sei, mas deviam ter feito uma pesquisa nacional com os escoteiros para dizerem sim ou não. Afinal para que serve o velho ditado: “Consultem os jovens”. Isto é só para “inglês” ver? Aos poucos retiraram ou mudaram muitas coisas do passado. Acredito que os jovens agora pensam de maneira diferente. Tenho que concordar. Nossos dirigentes devem saber o que fazem. Mas me pergunto, está dando certo? Resultados? - Acreditem, quando vejo uma foto de outros países ou mesmo aqui do nosso, onde os meninos estão de bastão fico orgulhoso. Dei boas gargalhadas quando alguém me disse que BP colocou o bastão para lembrar o fuzil do exército, pois ele sempre viu todos como futuros soldadinhos. Risos. Tem cada uma desses valentes pensadores escoteiros.

                Pois é, dizem tanto sobre BP. Meu amigo BP! Falam tanto sobre ele que até esqueço se foi verdade mesmo que existiu. Quem sabe agora existem os novos que são modernos, querem ser amados, chamados de Grande Chefe de Lider nacional de formador e o escambal. Quem sabe um dia serão considerados os novos Baden Powell da liderança mundial escoteira. Mais modernos mais atuais. Fazendo um escotismo forte e vigoroso. Orgulho da nova geração. Uau! O que seria o escotismo sem eles?


                Um dia vou por aí a vaguear pelos campos e se achar um belo bastão e eu o trarei comigo. O meu não tenho mais. Já tive um famoso, um metro e sessenta duas e meia polegada, ponteira de aço, histórias de fatos marcados a ferro e fogo. E se tiver a sorte de achar um, num pé de goiabeira qualquer, vai ficar em lugar de honra em minha casa. Irei colocar nele tudo que fiz e que ganhei na minha vida Escoteira. Mas isto não deve interessar a ninguém. Não mesmo. Existem outras coisas mais importantes para oferecem aos escoteiros para os motivarem. É melhor deixar com os antigos as recordações. São coisas de “Velhos” escoteiros rabugentos e suas manias. Risos.  


Os que viveram no “Tempo das Diligências” lembram-se do Bastão Escoteiro. Quem não teve um? Quem não aprendeu suas normas e seu uso? Dava gosto de ver. E os monitores esbeltos a fazerem piruetas no ar com o seu? O orgulho da patrulha, do totem, de ver cada um com suas lembranças marcadas a fogo no bastão. Belos tempos!