Uma tarde de
sábado cheia de lembranças.
Direitos e
deveres.
Não, eu não tenho registro na UEB.
Não sou filiado a nenhuma outra associação. Eu fui um escoteiro que só foi
saber que existia a UEB quando tirei minha Segunda Classe. Segunda Classe? Pois
é. Isto existia e não era um bicho papão. Mas continuemos minha escrita sobre
Direitos e Deveres. Sempre fui da UEB apesar de que só fomos saber que havia
registro quando já estava passando para os seniores. Quer saber? Isto nunca me
fez falta, mas admito que o registro para muitos seja importante. Hoje fico
pensando se estivesse registrado teria a liberdade de dizer o que penso e
escrevo. Tenho certeza que não.
Nas entrelinhas alguns me mandam
recado que eu não tenho direito em dizer o que penso e faço. Dizem que meus
deveres agora não tem mais validade no escotismo brasileiro. Pois é. Eu nem
ligo para estes sacripantas que acham que compraram as ações do escotismo e se
julgam donos dele. Não estou mesmo nem aí. Não fiz uma promessa sem valor.
Mesmo quando lobo lá pelos idos de maio ou junho (não tenho certeza) de 1947
fiz minha promessa. Se fui escoteiro de corpo e alma não tenho que agradecer a
nenhuma associação. Registrei-me sim por anos e anos. Foi o tempo onde os beneplácitos
eram constantes. Tinha de prestar esclarecimentos a tantos que às vezes me
revoltei.
Quando me convidaram para ser o
Regional em Minas exigi minha carta de alforria. Deus meu, como corri cidades
conheci escoteiros, abracei e saudei a tantos que hoje lembro com saudades as
aventuras que lá passei. Mas eis que a danada da carteirinha era exigida a cada
ano que vencia. Por estar liderando um Estado carente de escotismo e dando
cursos para o aprimoramento de chefes aceitei. Depois nem mais liguei para
isto. Afinal foram tantos anos desde meus seis anos e meio de idade que me
sinto realizado. Critico sim sem pensar em ser o dono da verdade é visando que
o Escotismo de Baden-Powell não seja esquecido.
Não tenho direitos? Nem deveres?
Deveres tenho com minha lei e minha promessa e minha consciência. Direitos eu
os cobro sempre nos meus artigos. Isto faço questão e são poucos que podem me
exigir mudanças no meu modo de agir e pensar. Então pergunto: - Que direito tem
um em se sobrepor aos demais esquecendo nossas tradições e místicas, tomando
resoluções sem consulta aos interessados, que definem normas achando que seus
poderes são maiores que o que nos ensinou e nos deixou o nosso fundador? Falam
que prestam contas. Um relatório anual que nada diz e não expressa a real
vontade de tantos que gostariam de cobrar.
Que direito tem a UEB em se achar
a única a ter poder de fazer escotismo no Brasil? O tema foi discutido em
Assembleia? Alguém foi informado dos valores gastos e da possibilidade de se
reverter uma cobrança por indenização injuriosa pelos processos que ela
determinou? Para bem da verdade eu estou no fim da jornada. Andei demais nesta
trilha escoteirando e fazendo minha parte. Mais de 2.000 chefes alunos tive a
honra de dirigir em cursos. Perdi a conta de palestras, viagens e conversas ao
pé do fogo pensando em dar minha contribuição escoteira. Isto sem contar aqui
que tento sem cobrar, sem visar lucros postando artigos que podem trazer
benefícios a tantos que acham que posso ajudar.
Mas estes lideres de hoje o que
fizeram para merecer tamanha honra de modificar, determinar, fazer e acontecer
sem consulta à plebe escoteira? Qual a experiência de resultados tiveram? Que
direitos eles têm que menos de 0,3% (zero vírgula três por cento) do efetivo
Escoteiro da UEB podem votar e não dar satisfação aos demais? Os Estatutos?
Quem os fez? A minoria ou a maioria? Vai um lá e diz: Ponha no POR o artigo
tal. Que desfaçatez!
Direitos e deveres. Cobram-se os
deveres. Os direitos são para quem pode pagar quem pode viajar pelas trilhas da
UEB e de sua Assembleia anual em diversas praças do Nosso Brasil. Mas mesmo lá
se houver direitos não são para todos. O uso da palavra, o direito de se
expressar sem ser desqualificado é uma norma não escrita que usam e abusam nas
assembleias escoteiras. Sim, isto mesmo. Não tenho registro na UEB. Não
pretendo ter. Dispenso medalhas e favores. Dispenso bajulação. Já tenho as
minhas que um dia me deram e depois disseram para devolver... E não devolvi!
Quem mandou me dar? Ainda bem que não paguei. Risos.
Não tenho, não vou ter e nunca mais terei
registro na UEB e em nenhuma das outras associações que respeito, mas meu
sangue queira ou não tem um pouco de Uebeanos, pois foi ali que nasci. Se grito
aqui bem alto a dizer que mesmo não sendo registrado, quem mesmo desconhecendo
o SIGUE e pouco li os Estatutos tenho meus direitos posso até ter menos
deveres, mas me persegue a sina da Baden-Powell. A ele e seus métodos direi que
tenho deveres em seguir sua trilha e sua orientação. Aos lideres atuais que
desconhecerem, eu digo:
- Sinceramente? Estou muito velho para
bajular e aceitar imposições de quem não aprendeu até hoje que o Escoteiro é
amigo de todos e irmãos dos demais escoteiros. Já me disseram que a cortesia é
uma obrigação até dos Reis e se nossa corte escoteira não leva isto a sério não
tenho mais nada a dizer. Afinal logo irei ver gente que me fez feliz, que eu
até hoje afirmo sem medo de errar: - Valeu ter tantos amigos e ter sido um
escoteiro!
Sempre Alerta!
Chefe Osvaldo
Nota - Sem nada para fazer, sem vontade de escrever me abro no pedaço para dizer muita coisa que penso e que não vou esconder. Minha vida eu doei boa parte ao Escotismo. Não procurei benevolências e nem favores. Aceito sim de bom grado que reconheçam que dentro das minhas possibilidades ajudei e muito aos Escoteiros do Brasil. Isto eu tenho na memória e nunca vou esquecer.