sábado, 1 de julho de 2017

Direitos e deveres.


Uma tarde de sábado cheia de lembranças.
Direitos e deveres.

             Não, eu não tenho registro na UEB. Não sou filiado a nenhuma outra associação. Eu fui um escoteiro que só foi saber que existia a UEB quando tirei minha Segunda Classe. Segunda Classe? Pois é. Isto existia e não era um bicho papão. Mas continuemos minha escrita sobre Direitos e Deveres. Sempre fui da UEB apesar de que só fomos saber que havia registro quando já estava passando para os seniores. Quer saber? Isto nunca me fez falta, mas admito que o registro para muitos seja importante. Hoje fico pensando se estivesse registrado teria a liberdade de dizer o que penso e escrevo. Tenho certeza que não.

              Nas entrelinhas alguns me mandam recado que eu não tenho direito em dizer o que penso e faço. Dizem que meus deveres agora não tem mais validade no escotismo brasileiro. Pois é. Eu nem ligo para estes sacripantas que acham que compraram as ações do escotismo e se julgam donos dele. Não estou mesmo nem aí. Não fiz uma promessa sem valor. Mesmo quando lobo lá pelos idos de maio ou junho (não tenho certeza) de 1947 fiz minha promessa. Se fui escoteiro de corpo e alma não tenho que agradecer a nenhuma associação. Registrei-me sim por anos e anos. Foi o tempo onde os beneplácitos eram constantes. Tinha de prestar esclarecimentos a tantos que às vezes me revoltei.

            Quando me convidaram para ser o Regional em Minas exigi minha carta de alforria. Deus meu, como corri cidades conheci escoteiros, abracei e saudei a tantos que hoje lembro com saudades as aventuras que lá passei. Mas eis que a danada da carteirinha era exigida a cada ano que vencia. Por estar liderando um Estado carente de escotismo e dando cursos para o aprimoramento de chefes aceitei. Depois nem mais liguei para isto. Afinal foram tantos anos desde meus seis anos e meio de idade que me sinto realizado. Critico sim sem pensar em ser o dono da verdade é visando que o Escotismo de Baden-Powell não seja esquecido.

            Não tenho direitos? Nem deveres? Deveres tenho com minha lei e minha promessa e minha consciência. Direitos eu os cobro sempre nos meus artigos. Isto faço questão e são poucos que podem me exigir mudanças no meu modo de agir e pensar. Então pergunto: - Que direito tem um em se sobrepor aos demais esquecendo nossas tradições e místicas, tomando resoluções sem consulta aos interessados, que definem normas achando que seus poderes são maiores que o que nos ensinou e nos deixou o nosso fundador? Falam que prestam contas. Um relatório anual que nada diz e não expressa a real vontade de tantos que gostariam de cobrar.

             Que direito tem a UEB em se achar a única a ter poder de fazer escotismo no Brasil? O tema foi discutido em Assembleia? Alguém foi informado dos valores gastos e da possibilidade de se reverter uma cobrança por indenização injuriosa pelos processos que ela determinou? Para bem da verdade eu estou no fim da jornada. Andei demais nesta trilha escoteirando e fazendo minha parte. Mais de 2.000 chefes alunos tive a honra de dirigir em cursos. Perdi a conta de palestras, viagens e conversas ao pé do fogo pensando em dar minha contribuição escoteira. Isto sem contar aqui que tento sem cobrar, sem visar lucros postando artigos que podem trazer benefícios a tantos que acham que posso ajudar.

             Mas estes lideres de hoje o que fizeram para merecer tamanha honra de modificar, determinar, fazer e acontecer sem consulta à plebe escoteira? Qual a experiência de resultados tiveram? Que direitos eles têm que menos de 0,3% (zero vírgula três por cento) do efetivo Escoteiro da UEB podem votar e não dar satisfação aos demais? Os Estatutos? Quem os fez? A minoria ou a maioria? Vai um lá e diz: Ponha no POR o artigo tal. Que desfaçatez!

              Direitos e deveres. Cobram-se os deveres. Os direitos são para quem pode pagar quem pode viajar pelas trilhas da UEB e de sua Assembleia anual em diversas praças do Nosso Brasil. Mas mesmo lá se houver direitos não são para todos. O uso da palavra, o direito de se expressar sem ser desqualificado é uma norma não escrita que usam e abusam nas assembleias escoteiras. Sim, isto mesmo. Não tenho registro na UEB. Não pretendo ter. Dispenso medalhas e favores. Dispenso bajulação. Já tenho as minhas que um dia me deram e depois disseram para devolver... E não devolvi! Quem mandou me dar? Ainda bem que não paguei. Risos.

              Não tenho, não vou ter e nunca mais terei registro na UEB e em nenhuma das outras associações que respeito, mas meu sangue queira ou não tem um pouco de Uebeanos, pois foi ali que nasci. Se grito aqui bem alto a dizer que mesmo não sendo registrado, quem mesmo desconhecendo o SIGUE e pouco li os Estatutos tenho meus direitos posso até ter menos deveres, mas me persegue a sina da Baden-Powell. A ele e seus métodos direi que tenho deveres em seguir sua trilha e sua orientação. Aos lideres atuais que desconhecerem, eu digo:

- Sinceramente? Estou muito velho para bajular e aceitar imposições de quem não aprendeu até hoje que o Escoteiro é amigo de todos e irmãos dos demais escoteiros. Já me disseram que a cortesia é uma obrigação até dos Reis e se nossa corte escoteira não leva isto a sério não tenho mais nada a dizer. Afinal logo irei ver gente que me fez feliz, que eu até hoje afirmo sem medo de errar: - Valeu ter tantos amigos e ter sido um escoteiro!
Sempre Alerta!

Chefe Osvaldo  


Nota - Sem nada para fazer, sem vontade de escrever me abro no pedaço para dizer muita coisa que penso e que não vou esconder. Minha vida eu doei boa parte ao Escotismo. Não procurei benevolências e nem favores. Aceito sim de bom grado que reconheçam que dentro das minhas possibilidades ajudei e muito aos Escoteiros do Brasil. Isto eu tenho na memória e nunca vou esquecer.