sexta-feira, 14 de julho de 2017

Uma crônica sem segundas intenções.


Uma crônica sem segundas intenções.

              Atualmente sigo diversos escotistas em suas posições no Escotismo, sua validade, seus métodos, e principalmente sobre os novos tempos. Falam sobre Homofobia, direitos humanos e tantos outros que fico com receio de dar meu “pitaco“ e não ser entendido. Não sou como aqueles Macacos Sábios, aqueles que ilustram a porta do Estábulo Sagrado de um templo do século XVII no Santuário Toshoqu no Japão. Dizem que suas origens são baseadas em um proverbio japonês. O primeiro Mizaru o que cobre os olhos, o segundo Kakazaru o que tapa os ouvidos e Iwazaru o que tapa a boca dizem que poderia ser traduzido como não ouça o mal, não fale o mal e não veja o mal.

               Eu sou um velho ultrapassado. De origens simples, sem ter nenhum pedágio em universidades e nem mesmo tenho o dom de definir estas novas ideias que estão dando um novo ar aos jovens nos dias atuais. Li em Veja que há uma guerra de algumas cidades onde os vereadores decidiram que as escolas não podem ensinar sobre homossexualidade. Sempre acreditei que os pais é que são os responsáveis mas não discuto a posição deles e dos que são contra tais atitudes. Eu sou um Chefe ultrapassado. No tempo é claro. Aprendi que a educação informal ou não é competência da Escola mas outras são dos pais. Eles sim é que devem opinar se a matéria é própria para a educação dos seus filhos.

               O escotismo está vivendo uma nova era. Os novos querem ter a liberdade de discutir e mostrar que na formação escoteira muitos dos dogmas proibidos no passado devem ser revistos e até mesmo alguns defendem que a orientação do Chefe é primordial para isto. Na mesma Veja desta semana há um artigo sobre o sistema educacional onde um articulista defende ideias do passado na formação do jovem. Ele claro comenta as ideias de um pedagogo que discorre com sobriedade sobre o ensino de hoje. Li e gostei. Afinal eles copiaram o método escoteiro principalmente de dar ao jovem um aprendizado mais aberto, mais simples, com jogos, com aprender fazendo, com liberdade de discutir entre eles sob a supervisão de adultos temas interessantes que hoje são proibidos.   

                Alguns amigos que respeito são contra meus arroubos do passado. Não gostam quando não só eu e também outros antigos comentam que o tempo deles é o melhor. Eu não vou a tanto. Meu tempo foi “supimpa” mas o tempo de um jovem de hoje que ama o escotismo também o será. Sinceramente se eu tivesse a vivacidade e a elasticidade de um jovem Chefe, eu gostaria de chefiar uma tropa na metodologia Badeniana. Aquela onde a aventura, a liberdade de ser um herói, de atividades aventureiras tudo feito entre eles com a minha supervisão sem ser o dono da verdade e atuando mais como um irmão mais velho. Sem complicar é claro. Iria com eles vivenciar um escotismo campeiro, deixar que errem mas sempre mostrando como melhorar.

               Se um Chefe leva seus jovens a uma passeata LGBT e se isto foi discutido e autorizado pelos pais não sou contra. Eu nunca faria isto. Minha visão é outra e mesmo sendo arcaica seria a do meu aprendizado e vivencia escoteira. Ainda sou daqueles que certas discussões e aprendizado pertencem aos pais. Me seguro até hoje que a formação escoteira existe para auxiliar, repito “auxiliar” os pais, a escola e a religião. Sei que  esta ultima já vem sendo discutida em sua validade, mas pelo que vejo são poucos que agora entram nesta seara. Se entretanto os pais concordam porque eu não deva concordar?

               Se eu fosse um jovem Chefe, meu escotismo seria o mais arcaico possível. No bom sentido é claro. Esta nova metodologia que estão a dar aos  chefes nos cursos de formação tem sua validade mas a maior é a liberdade de agir, adestrar, vivenciar e ouvir e acompanhar o crescimento do jovem sem estar sempre mostrando o caminho que  ele deve seguir. Se alguns querem ter a liberdade de promessar sem serem obrigados a dizerem o obvio tenho lá minhas dúvidas. Seria correto que se alguns querem e outros não querem haver uma separação? Onde está o direito de um e o do outro? Danado de tema difícil de resolver.

               Mas não se preocupe os novos lideres modernos que me leem. Sei que o mundo está mudando e temos que mudar com ele. Quem sabe sem desmerecer os velhos tempos que teve muita coisa boa. Quando Chefe tive a honra de ter em minha tropa o menor número de evasão. As patrulhas mantinham sua técnica e vivência por muitos anos. Sei que o importante são os resultados. Que eu saiba dos que foram meus escoteiros não tive políticos famosos, grandes empresários e outros em diversas posições na sociedade brasileira. Pelo menos até hoje ainda não soube de nenhum remanescente do escotismo que colaborei. Mas sei que tem muitos que ainda levam a sério o caráter, a honra à ética ou como se diz os antigos: - Briosos Brasileiros exemplo para a nação.  

              Respeito o novo programa de jovens, respeito à nova maneira de se apresentar. Se amo meu caqui curto e meu chapelão, não posso desmerecer a quem gosta de se vestir dentro da modernidade que acredita. Se o publico irá compreender e aplaudir quem sou eu para desmerecer. Se os currículos dos cursos de hoje são os ideais para dar ao Chefe condições de liderar e se os resultados existem, não há o que discutir. Só não sou aquele que bate palmas sem ver se acetamos. Que os adeptos de novas tecnologias, novas formas de crescimento, novas formas educacionais e ou mesmo a aceitação de temas que muitos não gostam possam defender suas posições sem ferir direitos de ambos os lados.

                Eu sou um Velho Escoteiro. Meu tempo já passou. Fico calado quando a interpretação de certos temas de outros irmãos escoteiros. Não se discute aquilo que está dando resultado. Precisamos ver se o objetivo vai ser alcançado. Eu ainda continuo no método de B.P. aceitando sim algumas poucas mudanças na maneira de formar. Assim como os novos tem seus direitos eu também tenho os meus. Afinal não sou tão importante assim para que desmereçam meus sonhos, minha vida escoteira, minhas saudades dos velhos tempos. Fico com B.P ao dizer que se os novos resultados vão fazer a todos felizes, eu também tenho que ficar feliz.

Chefe Osvaldo   

nota: - Como sempre aqui estou eu escrevendo sobre a modernidade do escotismo. Queira ou não isto é uma realidade. Como não estou ombreando na lide de uma sessão escoteira não posso dar “pitacos” sem saber se os resultados são alcançados. A validade só é completa se o escotismo mostrar que o ponto certo da formação do jovem foi alcançado. Já é hora de se mostrar onde eles (os resultados) estão.