quarta-feira, 12 de julho de 2017

Teimosia também tem limite.


Conversa ao Pé do Fogo.
Teimosia também tem limite.

                     Resolvi me penitenciar. Afinal teimosia também tem limite. É preciso colocar um ponto final nestas minhas teimosias ou obstinações a dizer que somente o passado escoteiro tem valor e só eu sei o que é bom para o movimento escoteiro. Discordar de A ou B vá lá, mas discordar de tudo? Quantos amigos aqui já tentaram me mostrar o meu lugar? Vivo criticando tudo, será que não sobra nada bom na modernidade escoteira? Afinal o escotismo sobrevive por causa de quem? Dos antigos? Nada disto. É gente nova que acredita, trabalha, sacrifica e sempre dizem que amam o escotismo e ele mudou suas vidas. É lindo isto não acham? Claro que sim, pois ele também mudou minha vida.

                      Impliquei com a moda dos acampamentos com pais responsáveis pela alimentação. Juntos seniores, escoteiros e lobinhos. Todos pulando no barro, aprendendo a rastejar e brincando no comando Crow. Por quê? Não está dando certo? As tropas e alcateias não estão indo bem com suas matilhas e patrulhas? Se eu marchei muito na minha época devo respeitar os que agora não gostam de marchar. É um direito. Tinha-se liberdade da Patrulha acampar sozinha, mas tenho que ver que hoje o mundo é outro. A marginalidade impera e não podemos facilitar. Muitos vivem me dizendo que as modificações fazem parte do mundo moderno e como eu me escondo em um casulo fico a discordar. É certo? Claro que sim. O errado sou eu! E o uniforme? Só porque falei que o caqui com o chapelão era reconhecido no Brasil inteiro não quis ver que um lenço amarrado no pescoço não é uniforme e sim a vestimenta que todos adoram.

                Errado isto? Errado sou eu. Porque eles estão lá lutando e eu aqui sentado olhando e... Escrevendo! Quem sabe sou mesmo um “paspalho” que ainda não viu o seu lugar? Diz-se que Baden Powell (BP) criou métodos próprios para o movimento Escoteiro. Tenho que ver que hoje BP estaria ultrapassado. Todos me dizem isto. Se ele estivesse vivo criaria o movimento que está aí. Moderno, chique atual e pujante, e barato gente, bem barato! Se todos afirmam assim eu tenho que entender que eles estão certos. Agora só porque acho que devíamos ter um movimento democrático minhas razões não procedem. Afinal existem normas, regulamentos e apesar destas serem feitas por poucos é o que existe e temos que aceitar. Veja aquela Chefe Escoteira, ela adora o escotismo, mudou sua vida quando adentrou no escotismo há alguns anos atrás. Ela vê com outros olhos e errado sou eu em não entender sua razões e sua maneira de pensar.

                  Devia era fazer como todo mundo, ou seja, me dedicar aos meninos e esquecer esta teimosia em criticar dirigentes que sempre pensam em fazer o bem para nós. Afinal eles se sacrificam demais (pensei que os chefes escoteiros se sacrificassem mais) dão tudo de si. Não é bom que recebamos através de tecnologias criadas para nosso bem dando diretrizes e normas? Ou quando o Diretor Técnico lá no cerimonial de bandeira nos trás a bela noticia que ficou sabendo a novidade: - Pessoal, o novo programa de jovens para tropas está sensacional! O anterior não vale mais. Pessoal, precisam ver, o uniforme mudou. Agora é a vestimenta! Lindo de morrer! Aplausos e aplausos. E grita! – Vamos votar!

                  Bem lembrado o que disseram o Chefe Escoteiro e Chefe Escoteira que o mundo hoje é outro. Quem não muda fica na berlinda do tempo e morre ao sabor da tempestade. É preciso ver que a escola hoje é outra. Mais moderna mais atual. A professora não grita mais com aluno, pois pode ser processada. Agora é o aluno que grita com ela. E aí dela se reclamar. Leva um “catiripapo” na orelha! As meninas e os meninos se divertem com o “bullying”, pois o moderno hoje é estapear e quem sabe dar uns tiros no colega da classe. Ou mesmo se armar e atirar em todo mundo lá. Sem esquecer que se a escola não agradar vamos invadir e que manda nela agora são os alunos! Claro no passado quando a professora chamava atenção ou gritava, nós abaixávamos a cabeça e dizíamos sim senhora. Nossas mães e pais diziam – Se a professora reclamar você vai levar um surra e ficar um mês de castigo! Mas hoje isto não existe o moderno é outra coisa. São os pais que vão à escola, levam a imprensa ou um advogado para processarem a escola e tentar receber algum “dividendo” e dizendo (tem de ter televisão) – Queremos justiça! E quem não quer?

                  Quando fiz o segundo ano primário eu sabia a tabuada de cor e salteado, mas hoje? Hoje não. A matemática é outra. Agora é matemática moderna. Hoje temos a calculadora robô no Smart Fone que faz tudo para nós. Tudo muito moderno mesmo. Disciplina? Hoje sim a temos. “Os jovens podem chamar os velhos de “Velho” babão e “gagá”, dizer “oi veio” beleza"? “Olá chefia”. Nos chamam de pessoinha, colega e outros termos que prefiro não falar aqui. A palavra “Senhor” sumiu nas esquinas da vida. A juventude tem mais liberdade, amor livre, sexo com camisinha, internet, baladas noturnas e o celular. Namorado dormir na casa da namorada é normal e não é errado. E as meninas nas novelas que ficam grávidas? Final feliz lindo e “seremos felizes para sempre"!”. Assim são as novelas. Modernas, pragmáticas, atual. Ideias do Autor, mas ele é moderno, sabe o que diz. Aconselha-se muito com psicólogos e pedagogos (nada contra estes). O celular é imprescindível. Quem não tem fica mal. A moda é “buzinar” ele o dia inteiro. Ficam olhado para ele o tempo todo.

               Agora já não vêm mais o céu, as estrelas, a lua, o firmamento, o nascer e o por do sol. A moda agora é falar com amigos, ouvir músicas se possível bem alto, pois o que os outros acham do barulho não importa. Importa o que pensa o que gosta e pronto. E na sede Escoteira? E no campo? Cuidado com os meninos e meninas. Qualquer ato, qualquer coisa que interpretarem de maneira errada, o "Chefe" Escoteiro está perdido. Irão aparecer centenas de advogados! Todos prontos para colocarem o Chefe Escoteiro a “ferros”. Portanto meus amigos acho que eu preciso mudar e já. Vou acabar com a minha teimosia. Cheguei à conclusão que sou um "Velho" ultrapassado e teimoso. Não vou ficar mais aqui “azucrinando” a todos com minhas tradições, com o meu passado, com as atividades aventureiras onde todos ficavam juntos por anos e anos. A minha ética, a minha honra agora também vai se modernizar. Agora não preciso mais disto. Vou viver como aqueles que acreditam na pureza do escotismo feito na realidade atual. Pois se eu morrer amanhã de manhã, como diz o "Velho" samba – “Minha falta ninguém sentiria”.


 Afinal não foi aqui que disseram que “NEM TODOS NASCERAM PARA SER ESCOTEIRO?” – ainda bem e graças a Deus eu tive a sorte de nascer para ser Escoteiro!

nota: - Não tendo o que fazer, resolvi escrever um escrito que não devia ter “escrevido”. Por estas e outras já perdi leitores que não gostam quando dou “pitacos” na modernidade escoteira. Infelizmente não estou nem aí para estes pseudos leitores. Sei que eles tem seus direitos, mas cá prá nós... Eu também tenho os meus.