Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Qual o caminho para o sucesso?
Em uma nova fase nas mudanças de liderança na
União dos Escoteiros do Brasil, tais como as eleições no CAN (Conselho de
Administração Nacional) já realizadas e as do DEN que serão como todos sabem
uma indicação do DEN (Diretoria Executiva Nacional), tenho visto uma revoada de
novos lideres que se apresentam com novas ideias, falam em transparência, estarem
mais próximos as bases ou unidades locais. Muitos assumem compromissos,
prometem tornar publicas as prestações de contas, evolução do efetivo e
objetivo do tal Planejamento Estratético. Este todo ano se comenta, mas sempre
em quatro paredes e até hoje nem sei aonde chegou. Sempre tem uns que querem
criar novas comissões, diretorias e um fato importante é dizerem sempre que o
escotismo é para todos.
Eu como um Chefe
meio inculto não entendo muito do palavreado que usam os novos lideres Uebeanos,
afinal sempre falaram assim, temas bonitos, palavras que Rui Barbosa ficaria
embasbacado. Mas como diz o maior poeta já falecido Chico Anísio palavras são
palavras nada mais que palavras. Falam tantas coisas bonitas que ainda fico
pensando porque não somos ainda uma potencia como movimento de educação. Há
anos que sempre aparecem planos lindos, com recheios miraculosos e ao final
nada de concreto se realiza. Nesta escolha do CAN dos novos diretores da DEN é
um exemplo. Não deveria ser uma eleição por parte de todos os conselheiros
nacionais? Mas esta minha implicância não resulta nada de bom. Os Estatutos são
os mesmos. O método eletivo idem, as escolhas idem. Mas “deixa prá lá”. E pisar
no molhado para escorregar na casca do quiabo como dizia o Zé das Quantas e seu
amigo o Escoteirinho de Brejo Seco.
O carro
anda, a estrada vai seguindo seu destino. E nós? Quando realmente teremos a
transformação de um escotismo forte, sadio, para todos, sim para todos, pois
hoje só ricos podem fazer o tal escotismo da UEB e suas Regiões. Ler o site da
UEB é me perder em ambiguidades. Quando teremos lideres que se preocuparão com
a transparência no seu melhor sentido da palavra? Quando teremos lideres que
não vão pensar no eu, mas no todo? Não adianta citar um ou outro estado, um ou
outro grupo que deu certo, nada disto. Temos muitas coisas para mudar, com o pé
no chão, sem enfeites, sem demagogias que nunca se concretizam ou se realizam. Cobram-me
o que eu faria. Será que ainda poderia fazer? Neste emaranhado da teia de
aranha que criaram nos últimos trinta anos o primeiro passo é bem claro: - Um
novo estatuto. Participativo, voz e voto a todos os membros associados da UEB.
Nada de sistema representativo, de escolhas já conhecidas onde os mesmos sempre
estão lá a digerir ou dirigir um escotismo que nunca tem o respeito que merece
pela sociedade brasileira.
Quer saber mais? Eu se
tivesse voz, voto e liderança para dirigir o escotismo nacional iria fazer tudo
para falar a voz do povo Escoteiro. O Escoteiro humilde, aquele que luta dia a
dia para comprar seu uniforme, para fazer um acampamento, para estar presente
em muitas atividades escoteira. Eu iria me preocupar com ele não com esta farra
de eventos criados única e exclusivamente para ricos. Não faria nada sem antes
por um ou dois ou mais anos conversar, ouvir, criar seminários, indabas,
congressos, assembleias e o escambal em todas as Unidades Locais. Todos iriam
participar. Seja o tema que for. Nada seria feito sem uma grande consulta
nacional. Nada seria realizado sem uma aprovação formal de todos os associados.
Utópico? Se tivessem feito assim no passado o que hoje acontece poderia ter
sido diferente. Tomaram atitudes, mudaram tudo, não houve transparência, nunca
soubemos de uma só pesquisa séria feita pelos dirigentes nacionais. Sempre
colocando por debaixo do pano os motivos porque perdemos tantos associados a
cada ano. Alguns eventos nem apresentação de contas existem.
Se você meu
caro que me lê é um dirigente, ou tem poderes para sugerir sem se tornar um
ditador ou autocrata não pense como hoje. Pense democraticamente. A plebe tem
muitas ideias e olhem muitas vezes eles sabem aonde chegar para o sucesso.
Lembre-se você não é o único, a saber, que rumo seguir. Precisamos olhar mais o
escotismo como um todo, ele não é meu e nem seu é de todos. Enquanto não
levarmos a sério que somos parte de um movimento de jovens, que só nas
democracias ele pode florescer as ideias não pode ficar restrito a um só ou a
uma equipe só. Que ela apresente seus objetivos, mas que ouça todos de norte a
sul do Brasil. A UEB tem capacidade de fazer amplas pesquisas, ouvir, pensar,
saber o caminho a seguir rumo ao sucesso. Deve esquecer esta maneira
autocrática mesmo que um estatuto hoje lhe dá estes poderes. Ele não foi feito
a quatro mãos, nunca foi. Menos de 0,5% do efetivo nacional participam das tomadas
de decisões. A escoteirada através dos adultos que a orientam nunca foram
ouvidos e consultados. Mudaram o que quiseram e até hoje não provaram nada que
os resultados foram bons.
Hoje já não se
fala nas ideias de B.P. Ele para muitos se tornou somente uma lenda que trouxe
o escotismo e suas palavras foram dirigidas para os rapazes de sua época.
Ninguem mais o cita em suas andanças em cursos, em seus projetos, em seus
mirabolantes estudos que nada leva ao final esperado. Continuamos com um
programa que não agrada, continuamos a nos apresentar através da nova
vestimenta como um movimento sem orgulho, sem garbo e os politicamente corretos
nem querem saber de apresentação mais digna que podem nos apresentar como um
movimento militarizado. Uma liberdade que eles escolheram e nem ao menos se
deram conta das suas virtudes e vantagens no passado. Sempre termino estas
minhas crônicas lembrando John Thurman, chefe de campo de Gilwell Park em 1957,
ele escreveu:
- Sem dúvida,
Baden-Powell tocou o dedo em algumas das mais formidáveis ideias e práticas que
levam os rapazes a segui-las com entusiasmo, e nos métodos, e modo de manejar e
guiar os rapazes. É por isso que devemos nos manter o mais possível dentro da
simplicidade, da alegria e do entusiasmo que ele inspirou. Os únicos capazes e
possíveis de pôr o Escotismo a perder são os próprios chefes e dirigentes. Se
nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado
auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o
Movimento.
Precisamos falar
mais alguma coisa? Que os novos candidatos e eleitos pensem melhor e vejam que
sem dar as mãos em uma associação de ideias em todo o território nacional
continuaremos a ser nada mais nada menos como somos hoje. Um movimento que
parou no tempo e esqueceu que tem milhares de mentes prontas a colaborar para
encontrar o verdadeiro CAMINHO PARA O SUCESSO!