quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Bah! Então hoje é nosso dia?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Bah! Então hoje é nosso dia?

Li não sei onde que alguém assim descreveu como foi o início de um Chefe Escoteiro,

Assim é um Escoteiro, no seu modo pessoal de ser:
O Escoteiro é uma espécie zoológica encontrada nas sete partes do mundo, pois até nas terras árticas e antárticas já foi verificada a sua incidência. Os primeiros exemplares apareceram na Inglaterra, no início do século vinte. Do nevoeiro das ilhas Britânicas imigraram para outras terras onde lhes pareceu existir maior espaço para se desenvolver. Nessa mesma ocasião, alguns, de maior fôlego, vieram ter à América do Sul e sua proliferação foi tal que cobriu todo o continente.

O Escoteiro é constituído de três partes: cabeça, tórax e membros. A cabeça tem olhos multifacetados, que giram permanentemente em todas as direções, seja para descobrir um local para sede, um sítio para acampar ou uma boa ação para fazer. Ou outro Escoteiro... Por isso está sempre alerta. O tórax, ainda estreito, contem o coração e os pulmões, estes, utilizados para avivar o fogo na hora de preparar suas refeições. Os membros inferiores são usados para transportar as restantes partes do corpo para excursões e acampamentos; os dois superiores, terminados por numerosos dedos, móveis e bem articulados, parecem providos de um sentido tátil todo especial e têm uma surpreendente resistência muscular, haja vista a quantidade de coisas que neles conseguem pendurar em determinados momentos.

São estes membros que armam a barraca do Escoteiro, quando um repentino acesso de impetuosidade o impele a abandonar as cidades para ir acampar no seio de uma floresta ou nas imediações de um bosque. O Escoteiro comunica-se com as criaturas de sua espécie de várias maneiras, principalmente por sons semiarticulados, um tanto imitativos da linguagem humana e, também, sacudindo seus membros superiores de um modo vivaz, fazendo sinais de comunicação que só eles entendem. Quando usam esse processo de comunicação, os mais variados objetos poderão ser vistos presos pelos seus dedos, desde varas de madeira, chapéus e, sabe Deus o que mais. Às vezes segurando bandeirolas em competições barulhentas.

Em dias determinados, ele assombra florestas, planícies, campos, fazendas, mares e rios.  Os exemplares mais velhos são vistos escalando montanhas e picos. À noite o leva quase sempre a lugares inabitados, pelos quais sente uma acentuada predileção, tal quais os seus alvoroçados amigos, os pássaros. Durante o inverno vive prazerosamente nos desvãos das igrejas, porões, depósitos, enfim, em qualquer lugar e dão o nome de sede. O nome é muito variado: sede, base, gruta, taba, caverna e outros tais, mas o que absolutamente não varia, em nenhuma parte do mundo, é o tamanho do lugar: sempre uma brechinha.

Tão logo o verão dê as suas primeiras manifestações, procura pouso em outras paragens. Já foram vistos em todas as partes do globo, desde as mais profundas depressões até os mais elevados picos. Quase ninguém sabe como ele consegue chegar a esses lugares, Mas ele sabe algo mais importante ainda, que é sair dali quando já está saturado. Podem ser encontrados em todos os elementos que compõe o nosso planeta: terra, mar e ar. Atualmente já começaram a se adaptar em subterrâneos, nas profundidades dos mares e no espaço sideral e estarão em qualquer lugar onde descubram ou suponham existir maravilhas a serem vistas.

Você pode mudar-se para a onde queira: pode desterrar-se na mais inóspita floresta, encerrar-se numa clausura, mas a verdade é que, onde quer que você esteja, será difícil passar muito tempo sem ver pelo menos um exemplar dessa espécie. O surpreendente nestas criaturas é que, ao mesmo tempo em que se adaptam fazem uso das mais recentes conquistas do progresso, conservam em si, vívidas e atuantes, características de todos os séculos, notadamente os hábitos e ideais dos Cavaleiros da Idade Média. São portadores de um impulso irresistível de ajudar todas as criaturas e é tão vitalmente necessário para eles como respirar ou comer.

Onde quer que sejam vistos, estão sempre em movimento, seja passando mercurocromo na asa ferida de um passarinho ou imobilizando uma fratura numa criatura algumas vezes maior do que ele. Por sua própria natureza, são sempre alegres, mas onde quer que encontre dor e sofrimento, hei-los também, tentando amenizá-los. Por todas as pessoas com um mínimo de compreensão, são considerados de grande utilidade e muitos necessários. Sua palavra é a mais confiável que existe. Se ele disse que aconteceu, podem apostar qualquer coisa, pois realmente aconteceu.

Atualmente eles constituem mais de vinte e sete milhões, atuando no mundo inteiro há mais de 100 anos e não existe, praticamente, criatura em nosso planeta que não tenha recebido ao menos uma vez na vida, o testemunho de sua necessidade, seja o sorriso irradiante ou a ajuda espontânea, sincera e desinteressada de um Escoteiro.

E foi assim, que surgiu um Chefe Escoteiro. E se você meu amigo é um deles...

ACEITE MEU ABRAÇO, MEU APERTO DE MÃO E MEU SEMPRE ALERTA PARA SERVIR!