Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Bah! Então
hoje é nosso dia?
Li não sei onde que alguém
assim descreveu como foi o início de um Chefe Escoteiro,
Assim é
um Escoteiro, no seu modo pessoal de ser:
O
Escoteiro é uma espécie zoológica encontrada nas sete partes do mundo, pois até
nas terras árticas e antárticas já foi verificada a sua incidência. Os
primeiros exemplares apareceram na Inglaterra, no início do século vinte. Do
nevoeiro das ilhas Britânicas imigraram para outras terras onde lhes pareceu
existir maior espaço para se desenvolver. Nessa mesma ocasião, alguns, de maior
fôlego, vieram ter à América do Sul e sua proliferação foi tal que cobriu todo
o continente.
O
Escoteiro é constituído de três partes: cabeça, tórax e membros. A cabeça tem
olhos multifacetados, que giram permanentemente em todas as direções, seja para
descobrir um local para sede, um sítio para acampar ou uma boa ação para fazer.
Ou outro Escoteiro... Por isso está sempre alerta. O tórax, ainda estreito,
contem o coração e os pulmões, estes, utilizados para avivar o fogo na hora de
preparar suas refeições. Os membros inferiores são usados para transportar as
restantes partes do corpo para excursões e acampamentos; os dois superiores,
terminados por numerosos dedos, móveis e bem articulados, parecem providos de
um sentido tátil todo especial e têm uma surpreendente resistência muscular,
haja vista a quantidade de coisas que neles conseguem pendurar em determinados
momentos.
São estes
membros que armam a barraca do Escoteiro, quando um repentino acesso de
impetuosidade o impele a abandonar as cidades para ir acampar no seio de uma
floresta ou nas imediações de um bosque. O Escoteiro comunica-se com as
criaturas de sua espécie de várias maneiras, principalmente por sons
semiarticulados, um tanto imitativos da linguagem humana e, também, sacudindo
seus membros superiores de um modo vivaz, fazendo sinais de comunicação que só
eles entendem. Quando usam esse processo de comunicação, os mais variados
objetos poderão ser vistos presos pelos seus dedos, desde varas de madeira,
chapéus e, sabe Deus o que mais. Às vezes segurando bandeirolas em competições
barulhentas.
Em dias
determinados, ele assombra florestas, planícies, campos, fazendas, mares e
rios. Os exemplares mais velhos são vistos escalando montanhas e picos. À
noite o leva quase sempre a lugares inabitados, pelos quais sente uma acentuada
predileção, tal quais os seus alvoroçados amigos, os pássaros. Durante o
inverno vive prazerosamente nos desvãos das igrejas, porões, depósitos, enfim,
em qualquer lugar e dão o nome de sede. O nome é muito variado: sede, base,
gruta, taba, caverna e outros tais, mas o que absolutamente não varia, em
nenhuma parte do mundo, é o tamanho do lugar: sempre uma brechinha.
Tão logo
o verão dê as suas primeiras manifestações, procura pouso em outras paragens.
Já foram vistos em todas as partes do globo, desde as mais profundas depressões
até os mais elevados picos. Quase ninguém sabe como ele consegue chegar a esses
lugares, Mas ele sabe algo mais importante ainda, que é sair dali quando já
está saturado. Podem ser encontrados em todos os
elementos que compõe o nosso planeta: terra, mar e ar. Atualmente já começaram
a se adaptar em subterrâneos, nas profundidades dos mares e no espaço sideral e
estarão em qualquer lugar onde descubram ou suponham existir maravilhas a serem
vistas.
Você pode mudar-se para a onde queira: pode desterrar-se na mais
inóspita floresta, encerrar-se numa clausura, mas a verdade é que, onde quer
que você esteja, será difícil passar muito tempo sem ver pelo menos um exemplar
dessa espécie. O surpreendente nestas criaturas é que, ao mesmo tempo em que se
adaptam fazem uso das mais recentes conquistas do progresso, conservam em si,
vívidas e atuantes, características de todos os séculos, notadamente os hábitos
e ideais dos Cavaleiros da Idade Média. São portadores de um impulso
irresistível de ajudar todas as criaturas e é tão vitalmente necessário para
eles como respirar ou comer.
Onde quer que sejam vistos, estão sempre em movimento, seja passando
mercurocromo na asa ferida de um passarinho ou imobilizando uma fratura numa
criatura algumas vezes maior do que ele. Por sua própria natureza, são sempre
alegres, mas onde quer que encontre dor e sofrimento, hei-los também, tentando
amenizá-los. Por todas as pessoas com um mínimo de compreensão, são
considerados de grande utilidade e muitos necessários. Sua palavra é a mais
confiável que existe. Se ele disse que aconteceu, podem apostar qualquer coisa,
pois realmente aconteceu.
Atualmente eles constituem mais de vinte e sete milhões, atuando no
mundo inteiro há mais de 100 anos e não existe, praticamente, criatura em nosso
planeta que não tenha recebido ao menos uma vez na vida, o testemunho de sua
necessidade, seja o sorriso irradiante ou a ajuda espontânea, sincera e
desinteressada de um Escoteiro.
E foi assim, que surgiu um Chefe Escoteiro. E se você meu amigo é um
deles...
ACEITE MEU ABRAÇO, MEU APERTO DE MÃO E MEU SEMPRE ALERTA PARA SERVIR!