sábado, 22 de agosto de 2015

O preço vale a comenda?


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O preço vale a comenda?

                     Ah! Surpresas acontecem. Algumas boas outras não. Nestes minhas andanças Escoteiras nos últimos 74 anos, dos quais 67 fazendo escotismo alegre e solto, de menino a homem feito, eu passei por tanto na vida que pensei que hoje nada seria novo para mim. De vez em quando me pergunto: - Que escotismo é este? Que escotismo estão fazendo diferente de tudo que vi? Chamam-me de velhote, embaçado, cria caso, o único que conhece a verdade. Mas que verdade? Não é que outro dia li por aí que um Chefe recebeu uma medalha e a conta? A conta? Medalha tem preço? Tem sim, se você quiser uma faça um processo e olhe veja se sua mensalidade anual da UEB está paga, se o SIGUE tem seus dados. Se for assim quem sabe pode ser agraciado, mas tem que pagar. Tem sim. Quarenta “pilas” barato não? Será que vem com o barrete? Deus do céu. Para que servem nossas lideranças? Que caixa é esse que não se pode presentear? Já não basta as mensalidades, as taxas de campo, de Assembleias, de Jamborees e tantas outras?

                        Quarenta “pilas” a de Bons Serviços. Gratidão é o mesmo preço? E a Cruz São Jorge? Nossa! Fico a pensar no Tapir de Prata, quanto custará? Estou aqui sentando na minha varanda meditando: - Ouro Preto, Sete de Setembro de um ano qualquer. Governo mineiro reunido data de entrega de medalhas. Lá estão autoridades de todo país. Cada uma delas sorrindo ao receber sua condecoração brilhantemente entregue pelo Governador. Recebe sorri e lhe é entregue um recibo. Passe no caixa para pagar! Palácio da Alvorada, Presidente, Vice, Juiz Moro, o Presidente Cunha, Doutor Renan, deputados senadores e tantos outros esperando sua medalhinha do Brasil querido. Eles merecem. Enfileirados no salão principal vão recebendo, na mão uma medalha na outra a conta. Conta! Nem pensar... Se pago vão dizer que é propina me tira desta presidente! Assim é a União dos Escoteiros do Brasil e estados. Como o papagaio dizia? Ou dá ou peça no propinoduto. É assim mesmo? Risos.

                      Interessante que sempre reclamei da falta de apoio, de motivação com nossos chefes escoteiros. Se eles tem um grupo com estrutura e simpatia do líder, ou melhor, do Presidente então podem receber uma medalhinha. Já disse, com a mensalidade paga, senha no SIGUE, amigo dos homens da corte escoteira então eles podem receber uma “minguada”. Bons serviços ou quem sabe uma gratidão Bronze. Bronze? Claro que sim, esqueça a ouro, cara demais. E para por aí, as demais só se você for da corte, for um IM, bajular alguém importante para dizerem que você prestou enormes e relevantes serviços ao escotismo brasileiro. Como se seu sacrifício de todos os sábados, dias de semana, esquecer férias, quem sabe até ser chamado à atenção pelo seu Chefe por ter chegado atrasado naquele dia de acampamento não fosse enormes serviços prestados ao escotismo brasileiro.

                        Mas pagar? Como diz um Velho lobo não existe almoço de graça. Danado de almoço caro. O valor não importa, importa o valor da homenagem. Nunca pensei em ver isto. Uma corrida atrás do ouro Escoteiro sem par da União dos Escoteiros do Brasil. – Mas se ela não fizer assim, quem vai pagar as medalhas? Meu amigo dê uma olhada no Balancete da UEB, que ela pague, que ela ou se for uma condecoração a nível regional que a região pague. Não se pode é cobrar do grupo, do Chefe que recebe. Perde a graça, perde o valor, perde a homenagem de agraciar. Se falo isto tenho exemplos. Fui comissário Regional hoje Presidente há muitos anos em Minas Gerais. Nunca em minha vida cobrei ou deixei cobrar. Isto era uma homenagem sem preço. Nunca cobramos uma IM um anel de Gilwell. Afinal o voluntário o Chefe estão a servir a União dos Escoteiros do Brasil pelo simples prazer em ajudar. Precisam de apoio e agradecimentos. E vem esta cobrança?

                        Considero isto uma falta de ética. Não é o preço não. É o descaramento da cobrança. A gente tá cansado de ver os chefes sendo desprezados pelos lideres, e poucos são homenageados. E agora inventam este cobrança? Não sei não. Engordar o caixa da UEB não é o melhor para o escotismo brasileiro. A UEB não precisa de caixa gordo. Precisa de dinheiro sim para saber valorizar seus chefes, seus auxiliares, seus voluntários. Se querem empregar bem o dinheiro contratem profissionais, bons profissionais para dar o melhor de si conseguindo meios financeiros na sociedade civil e politica, ou mesmo entre os dirigentes empresariais. Tenho o orgulho de dizer que levei no peito e na raça uma região por oito anos sem grana. Mas quando precisava vestia meu caqui, colocava meu chapéu e ia para o Palácio das Mangabeiras em Belo Horizonte. Não saia de lá sem uma ajuda qualquer.


                      Não existe orgulho maior, satisfação maior, alegria inusitada quando um Chefe recebe uma condecoração. Ele merece, ele faz o escotismo não à cambada de dirigentes. Eles eu gostaria de saber se lá no alto da sua importância, na sede do poder também pagam por isto. Já pensou? O presidente e os catorze do CAN recebendo uma medalha e a conta? E os presidentes regionais e seus assistentes? Quem paga? A região? Não dá para engolir. Nem vem que não tem, quarenta “pilas” somadas as anuais da UEB, somadas as taxas de cursos, somadas as taxas do grupo acampamentos e afins, e somadas ao desgaste que cada Chefe tem ajudando a formar cidadãos que a cobrança é estupida e indevida. Chego ao fim da minha vida assistindo a este espetáculo dantesco. A esta busca do enriquecimento em nome do bem maior. Assim dizem. Sei que muitos já se acostumaram. Um grande pensador dizia que tudo faz parte do aprendizado. A gente vai vivendo e aceitando o que nunca deveria aceitar. Daqui a alguns anos tudo se tornará um hábito de comportamento. E quem viver verá!