Apenas uma tarde de domingo.
O corpo de Velho
Escoteiro tem andado cansado de tanto subir montanhas e descer escarpas
pedrentas dos anos que vão lhe amontando às costas. Há dias que as forças
brincam de esconde, esconde. Um corre corre frenético atrás da turma do Jaleco
Branco. Uma parada, um olhar em volta e são tantos que ali estão esperando a
hora de contar suas nuances suas idiossincrasias ao belo guapo ou a bela Guapa (é
assim mesmo?) e esperar uma prescrição ambulatorial para quem sabe dar um salto
no espaço e dizer: - Obrigado meu Deus, por estar aqui novamente a tentar fazer
o possível pela vitalidade momentânea, pois o resultado final eu alcançarei
daqui a pouco. Assim vão os dias e as horas passando e a gente esperando
melhorar. Mas vamos chegar lá com toda certeza.
O vício frenético de uma “Passada no face” nos
força dar uma olhada, sentir o prazer de rever amigos, de ver seus escritos,
comentários coisas que enche o peito e a alma de um Escoteiro que hoje não pode
mais velejar a não ser em suas saudades, São tantas palavras amigas, tantos a
nos desejarem um céu azul cheio de felicidade que ficamos nas recordações de
agradecer pessoalmente a cada um. A distância é enorme e somente um breve
brilho de mente nos concede o Senhor para agradecer aqueles que nos querem bem.
As escritas de cada um vão sendo anotadas no cérebro e dá uma vontade de
agradecer, escrever, dizer muito obrigado, mas são tantos e os fármacos tomados
e os efeitos ainda não se fizeram sentir.
É gostoso ler, ver o
que pensam suas sugestões, suas ideias, seu modo de vida e a gente pensa que
poderia ser assim também. Passo um dia sem aparecer e lá estão dezenas deles
curtindo e comentando. Meu sorriso desabrocha, mas são tantos o que fazer?
Minhas forças não ajudam, e mal e mal escrevo o que ainda me segura no meio
deles, meus sonhos, meus amores, meu passado Escoteiro meus sentimentos, meus
contos, minhas lendas e artigos em profusão. Olho os novos que chegam, aceito
todos, minhas páginas são abertas e não há contraditórios para dizer não.
Fiquei pasmado e perplexo com os dizeres dos amigos que me deram a honra de
pedir por e-mail meus livretos, historietas para terem em seus arquivos e um
dia pudessem traduzir os pensamentos de um Velho Escoteiro.
Chefe! Sou seu
amigo, seu fã, leio tudo que escreves! – Demais isto não? Meu peito onde o ar
se foi volta a crescer de orgulho. E as demais amigas a dizerem tantas coisas
bonitas que mesmo tentando manter o ânimo de bom moço, bem casado sorrio leve a
pensar: - Hã se eu fosse mais novo o que faria? Risos. Nada, nada, pois sem a
minha Celia eu não seria ninguém e graças a ela eu sou o que sou hoje. Muitos gostam
das minhas escritas e outros até são mais verdadeiros dizem que nem tudo que
reluz é ouro. Sou um pedante em não aceitar os dizeres dos mandantes da UEB.
Bem eles tem razão, não bato palmas para eles, pois não tenho nenhum vínculo
com o que fizeram e minhas criticas são pela falta de sensatez que fizeram do
nosso passado e desfizeram sem dar a mínima para os que montaram em seus
moinhos de vento acreditando que um dia o sucesso iria chegar.
Não aceito e
nunca vou aceitar que façam tudo como fizeram sem pedir opinião. Nunca vou
aceitar imposição. Transparência é sinal de respeito e respeito é bom e eu
gosto. Consultas são feitas pelos que tem por você como mais um da associação e
não imporem ideias por determinação própria. Nossa historia escoteira está indo
para o limbo. Estão a fazer-nos uma associação de desmemoriados. Não houve a
preocupação e o respeito devido. Tudo foi alterado porque uns poucos
acreditaram assim. E se alguém ainda sabe de alguma do passado são fantasmas do
passado que como eu estão a lutar para informar que nem sempre foi assim. Foram
pródigos em desmanchar o nó górdio do que um dia fomos. As tradições aos poucos
vão sendo esquecidas. Em pouco tempo não haverá mais nada para lembrar.
Hoje vivemos do
presente e falam até em um futuro promissor, mas povo sem passado nunca terá
futuro que possa lhe dar o sucesso que merece. Quem acompanhou seus passos suas
promessas sabem que ainda continuamos sem respaldo, sem aceitação, existe uma sociedade
escoteira que nem sabe que existimos. Mudaram tanto, fizeram das nossas boas lembranças
gato e sapato e mesmo aqueles que nunca conheceram o seu passado a eles também
não foi lhes dado o direito de consulta, de saber o que pensam ou como deveriam
agir. Tudo foi imposto, determinado uma ditadura em um movimento fraternal.
Preciso dizer mais? Diga-me meu amigo ou minha amiga, alguém da alta direção já
lhe fez alguma consulta? Já lhe perguntou se deveria ser assim? Vocês por acaso
já ouviram falar em pesquisas? Sabemos que elas nunca existiram. Meia dúzia
decide e pronto. E você como bom companheiro Escoteiro obediente e disciplinado
sorri e nada diz.
Mas hoje eu vi uma
luz. Pequena, de alguém que não concordou e lutou para fazer valer seus
princípios, suas escolhas e mesmo nunca tendo a honra de cumprimentá-lo
pessoalmente, pois somos amigos distantes fiquei orgulhoso. Bem vindo Mário ao
clube dos Caqueanos. Não importa os que disseram o contrário de sua escolha,
importa sim que você é digno, um Chefe que merece meu abraço e meu Anrê, e olhe
o dia que nos encontrarmos irei tirar o meu chapéu que tanto orgulho, fazer uma
circunferência a moda antiga como se estivesse saudando reis e rainhas e dizer
– Bravoo meu amigo. Bravoo. Estou mesmo orgulhoso de você com seu novo uniforme
a mostrar que és um verdadeiro Escoteiro do Brasil!