quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Sintomas psicóticos e psicológicos do Escotismo Brasileiro.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Sintomas psicóticos e psicológicos do Escotismo Brasileiro.

                  Ops! Onde estou me metendo? Mal fiz umas séries na escolinha quando menino e agora já sou doutor? Necas! Não sou mesmo. Claro que sei que a psicologia é a ciência que se dedica aos processos mentais e comportamentais do ser humano. Mas só. Não entendo mais que isto, pois sou um Velho Chefe Escoteiro um matuto que saiu da roça e anda coçando a cabeça com o escotismo moderno que os “çabios” estão implantando hoje. Outro dia fiquei pensando se um dia se formasse uma patrulha composta de Sigmund Freud, Platão, Aristóteles, John Dewey, Émile Durkheim, Immanuel Kant e quem sabe também Baden-Powell, pois ele é considerado um dos maiores pensadores da humanidade. Como seria esta patrulha? Bom eis que eles se reúnem, vão decidir o nome da patrulha, o grito, o lema, e claro escolher votando o líder. O Monitor. Como seria? Será que eles se entenderiam? Será que eles fariam um time para ninguém botar defeito?

                        Daria tudo para ver e ouvir. Tanto se fala em fraternidade, irmandade, sorrisos, respeito, apertos de mãos verdadeiros que não entendo porque ainda não temos o maior movimento fraterno do mundo. Ou será que temos? Trocar ideias hoje quase não existe mais. A nossa estrutura é mais moderna, não precisa ouvir o que os jovens ou mesmo os adultos pensam, não precisa consulta-los, pois os adultos líderes pensam por eles e sabem o que eles querem. – Chefe! Não é verdade! – Não mesmo meu amigo? Diga-me quando você mesmo sendo adulto foi consultado, soube de uma pesquisa ampla geral e irrestrita realizada pelos nossos lideres nacionais e regionais? Afinal temos um sistema representativo estatutário que poucos têm o direito de votar. Votar eu disse, pois as decisões são tomadas por meia dúzia sem consultar a ninguém. É como o imperador ou o rei que ao escrever suas vontades só disse o seguinte: - Cumpra-se e quem discordar jogue-o na Comissão de Ética ou diga a ele que peça para sair.

                      Quanto à patrulha que sonhei dos grandes pedagogos, psicólogos e pensadores, humildemente sem comparação me lembrei do meu primeiro curso da Insígnia da Madeira lá pelos idos da década de sessenta. Feito na selva, aprender a fazer fazendo. Oito adultos de diversas camadas sociais. Eu meninote dos meus vinte e dois anos. Dez dias de curso tentando entender a psique de seus novos amigos. Primeiro e segundo dia, sorrisos, abraços e deixa que eu faça para você! Terceiro e quarto dia: - Quem é este cara? Só quer aproveitar... Não faz nada, um coça saco de primeira! – Quinto e sexto dia – Acho que vou desistir. Estou me matando e ainda bem que fiz dois amigos (eram oito). Sétimo e oitavo dia – Que tal um conselho de patrulha para nos entendermos? Novo e último dia. Lágrimas por saber que iam se separar. Promessas, agora amigos para sempre. Sei que amei o curso, pena que os que continuaram no escotismo e eram poucos estão agora morando nas estrelas ou como dizem por aí, no Grande Acampamento (Arre! Vou passar longe!) kkkkkk.

                        Mas voltando aos sintomas do escotismo moderno, eu adquiri uma pequena experiência. Pequena mesmo. Afinal foram somente 67 anos labutando aqui e ali, ouvindo, sugerindo e vendo que os acertos foram menores que os erros. Aprendi que no escotismo vale mesmo o exemplo. Os lideres da UEB dão um belo exemplo aos seus pseudo comandados. Não vamos generalizar, mas as maiorias dos grupos são pequenos feudos onde um ou dois dita às normas que dizem ser da UEB. Quando são mais amenos e democráticos apoquentam os que chegam ou os que estão tentando ajudar fazendo criticas e nem sempre ditas diretamente ao interessado. Conheço grupos com um disse me disse que parecem comadres a falarem da vida dos outros. Conheço também grupos onde a fraternidade existe para ser celebrada com palmas e palmas Escoteiras. Ah! Formar jovens é de mentirinha? Que adianta fazer tudo sem dar um bom exemplo para eles?

                         Tem Regiões onde os lideres se aproximam e tentam ajudar nas mais diversas dificuldades locais, mas tem outras que estão cheias de arrogantes, cheios de si, se dando uma importância que a gente fica pensando: - E se ele tivesse um salário? Claro que iria gritar para os chefes: Sabem com quem está falando? - Outro dia entrei em meditação profunda. Utilizei a técnica da meditação transcendental que Maharish Mahesh Yogi faz e que envolve o uso mental de sons específicos chamados “mantras”. Tentei minha corneta, mas não deu certo. Eu tinha um Chifre do Kudu e não deu resultados. Meu bumbo falhou psicologicamente. Depois fui ver realmente o que seria mantra: - É um hino do hinduísmo e budismo, dito de forma repetida para relaxar e induzir a um estado de meditação, que se canta ou escuta. Corri até minha vitrola e coloquei o Rataplã. Valeu, meditei bastante e acordei da meditação com um sorriso e pronto a abraçar o mundo escoteiro.


                           Agora podia ver melhor a patrulha dos grandes pensadores, psicólogos, pedagogos e afins. Baden-Powell não seria eleito monitor. Afinal é um militar e poderia fazer uma revolução ou uma ditadura escoteira. A turma da UEB detesta isto. Militarismo never!  E quem seria? Não sei. Acho que B-P seria no máximo um intendente. Ele militar devia conhecer bem isto nas casernas e guerras que participou. Sigmund Freud seria o sub. Tem cara de sub, Platão seria o monitor? Ou seria Aristóteles? Melhor parar por aqui. É duro formar uma patrulha. É duro formar uma equipe de chefes que se entenda por anos e anos. Mas veja bem, isto tudo faz parte da humanidade, muitos sem perceber ainda utilizam a velha máxima: - Um por todos e todos por mim! Risos. E assim, as nuvens no céu vão passando, os ventos vão levando nossas esperanças, e quem sabe irão surgir novas flores no campo onde os escoteiros bons e cheios de amor acampam. Pois é a esperança é sempre uma dúvida, a Fé é uma convicção e o Amor uma certeza. Teremos isto em meta? Chega por hoje. “Afinal vivemos numa ilha chamada tristeza, rodeada pelo mar da saudade, aguardando um barco chamado esperança para nos conduzir à terra da fantasia”.