Conversa ao pé do fogo.
John Thurman um visionário?
- Anualmente
publico este artigo de John Thurman. Ele o escreveu em agosto de 1957. Porque
ficar repetindo? Quem sabe por que muitos novos chefes não tomaram ainda
conhecimento. Seria ele atual nos dias de hoje? Julguem vocês leitores. John
Thurman foi durante muitos anos Chefe de campo de Giwell Park. Dizem que
devemos por os pés no chão e seguir a trilha da modernidade. Que cada um faça
seu próprio raciocínio. Boa leitura.
Os Sete Perigos
Por John Thurman - agosto de 1957 (chefe de campo de Giwell
Park)
Existem sete perigos para o Escotismo, para os quais, me parece, devemos estar alertas e tomar cuidado:
1. Complacência, do tipo de pessoas que pensam: "há
cinqüenta anos temos trabalhado assim e temos feito um bom trabalho, portanto
continuemos assim". Recordemo-nos que o trabalho para os rapazes de hoje
tem que ser feito pelos homens do presente. Estou tão orgulhoso, como qualquer
outro Escotista, do nosso passado, mas isso não nos leva a parte alguma. Há,
hoje, muito mais a ser feito do que houve em qualquer outra época e o máximo
que o passado pode fazer para nós é inspirar-nos para um maior esforço;
2. Centralização. Acampamentos Nacionais, Regionais e Jamborees
são muito bons, mas quando muito freqüentes, podem ser desastrosos. Devemos dar
ao Escotista a maior oportunidade possível para trabalhar com a sua Tropa e
infundir-lhe os bons princípios e não juntar os rapazes em grandes massas para
um grande espetáculo. Às vezes existe tal número de atividades organizadas pelo
Distrito ou Região que praticamente não resta tempo ao Escotista para trabalhar
com as Patrulhas ou Alcatéias;
3. Super administração e não suficiente capacitação. Gostaria de
sugerir-lhes dar uma olhadela nos orçamentos e balanços, para verificar se
aquilo que gasta com papelada e administração está equilibrado com o que se
emprega na capacitação técnica. Ambas as coisas são necessárias, porém
mantenhamos o equilíbrio.
4. Seriedade Demasiada. O Escotismo é algo sério, contudo, uma
das grandes coisas é a alegria de participar dele, isso tanto para os
dirigentes como para os rapazes. Em alguns países, há o perigo de se pensar em
termos educacionais ou psicológicos e, enquanto fazemos isso, perdemos muito da
nossa condição de "amadores". E vocês todos sabem que como amadores
somos bons, mas como profissionais somos péssimos. Somos uma parte complementar
na vida do rapaz; complementar na escola, dos pais, da igreja, e, mais tarde,
do trabalho.
5. Exclusividade, o perigo de pensar que
"os chefes devem provir do próprio Movimento". Penso que necessitamos
de gente de fora, com diferentes experiências - homens de bem que tenham a
faculdade de crítica construtiva e que tragam sangue fresco para o Movimento;
6. Austeridade demasiada. Acho que tendemos a nos fazer
demasiado respeitáveis e a nos converter em um movimento para apenas os rapazes
bons, em vez de levar o Movimento para os rapazes que dele necessitam. O
Escotismo nasceu em 1907 entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes
melhoraram desde então, por outro lado moral e espiritualmente existem rapazes
tão pobres como naquela época, que necessitam do Escotismo.
7. Trabalhar para fazer super escoteiros. Devemos estar
conscientes, no que diz respeito a adestramento, de não tratar de começar um
curso a partir de onde deixamos o anterior, sem pensar que necessitamos começar
e recomeçar sempre pelas bases e os princípios para progredir a partir destes.
Para terminar, recordemo-nos que Baden-Powell, em 1938,
proclamava com orgulho e alegria o número de três milhões e meio de Escoteiros
no mundo. Agora podemos ver um movimento que ultrapassou os oito milhões,
(1957) devido justamente à sua simplicidade e ao prazer dos rapazes que tem
sido contínuo.
Sem dúvida, Baden-Powell tocou o dedo em algumas das mais formidáveis idéias e práticas que levam os rapazes a segui-las com entusiasmo, e nos métodos, e modo de manejar e guiar os rapazes. É por isso que devemos nos manter o mais possível dentro da simplicidade, da alegria e do entusiasmo que ele inspirou.
OS ÚNICOS CAPAZES E POSSÍVEIS DE PÔR O ESCOTISMO A PERDER SÃO OS PRÓPRIOS CHEFES E DIRIGENTES.
Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento. Feliz palavra de John Thurman. Muitos associados adultos, rapazes e moças estão saindo. Reclamam das atividades. Precisamos meditar.