sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

DAI A CESAR O QUE É DE CESAR!


Dare a Cesare quel che é di Cesare!
Daí a Cesar o que é de Cesar!

        “Então, retirando-se os fariseus, projetaram entre si comprometê-lo no que falasse. E enviaram-lhe seus discípulos, juntamente com os herodianos, que lhe disseram: Mestre sabemos que és verdadeiro, e não se te dá de ninguém, porque não levas em conta a pessoa dos homens; diz-nos, pois, qual é o teu parecer: é lícito dar tributo a César ou não? 
             Porém, Jesus, conhecendo a sua malícia, disse-lhes: Por que me tentais, hipócritas? Mostrai-me cá a moeda do censo. 
             E eles lhe apresentaram um dinheiro. 
             E Jesus lhes disse: De quem é esta imagem e inscrição?
             Responderam-lhe eles: De César.
             Então lhes disse Jesus: Pois dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
             E quando ouviram isto, admiraram-se e deixando-o, se retiraram. (Mateus, XXII: 15 a 22) (Marcos, XII: 13 a 17).

Dare a Cesare quel che é di Cesare!

                 Não. Não vou fazer pregações aqui. Claro, sou religioso, mas neste blog é para falar de escotismo. Afinal ele foi criado para isso e não vou mudar a linha mestra que venho seguindo até hoje. Não sei qual foi meu intuito em dar esse título e esse preâmbulo antes de entrar no tema escolhido. Mas espero que me perdoem. Esse artigo que pretendo comentar não será de técnicas escoteiras, apesar de que adoro falar disso e sei que meus amigos que lêem esse blog também.
               
                  Estive fazendo um mea-culpa. Uma auto-análise de tudo que escrevi até hoje. A primeira impressão é que quero acabar com a UEB. Nossa querida União dos Escoteiros do Brasil e privilegiar as outras organizações escoteiras. Não é essa minha intenção e nunca foi. Nasci na UEB. Vou morrer ou ser condenado por ela (risos). Queria que ela fosse forte, saudável, admirada, democrática e que visasse uma expansão participativa onde todos teriam voz e voto.

                  Procuro escrever o que sinto. E olhem quase ninguém comunga com o que escrevo. Poucos fazem comentários. Ainda bem que este blog a cada dia aumenta o número de visitantes. Isto me alegra. Não sei se atendo meus objetivos ou os objetivos deles. Os comentários dos leitores são poucos. Mas saibam que sempre fui assim. Tive alguns seguidores no passado. Infelizmente todos que conheci e aqueles que poderiam ter feito uma democracia plena na UEB não o fizeram. Os que se mantém na ativa até hoje são cordados. A sua maneira acreditam e eu tenho que acreditar neles. Não sou o dono da verdade.

                  Em uma determinada época alguns escotistas por motivos diversos, deixaram as fileiras da UEB. Não concordavam com tudo que estava sendo feito e acredito que com a melhor intenção fundaram outras organizações escoteiras. São várias. Muitas delas dizem ser tradicionalistas. Querem continuar o legado que conforme dizem Baden Powell deixou. Estão errados nisso? Claro que não. Se os participantes delas se sentem felizes, se os objetivos são alcançados porque criticá-las? E olhe não é minha seara.

                 Pelo que leio hoje, existem em muitos países sul-americanos, europeus e outros continentes, diversas organizações escoteiras que fazem o escotismo conforme seus ideais e todos voltados para os princípios que nosso fundador nos deu. Em quase todos os países as organizações trabalham lado a lado, cada uma respeitando a individualidade da outra. Existe até uma organização internacional que as agregam. Não discuto das razões de no Brasil não acontecer o mesmo.

                   Infelizmente ou felizmente minha luta é como fazer com que tenhamos mais e mais jovens participando do escotismo. Já lutei muito em tropas, em alcatéias, em direções diversas do escotismo nacional. Se fui vitorioso ou não, não importa. Queria conhecer mais profundamente essas organizações que estão crescendo em todo território nacional. Mas nada obtive nas minhas idéias democráticas. Procurei em vão ver seus relatórios anuais, como é feita as eleições para suas direções em termos regionais e nacionais e nada encontrei.

                    Como sou um abelhudo e procuro ver as vantagens de uma e outra associação, procurei em vão ver livros de ata, normas democráticas e claras, o mais importante o balanço financeiro. Não entendo nada disso, mas como a UEB tem seu relatório anual onde consta tudo isso, pensei em encontrar nos outros também. Fui mais além. Entrei em contato com alguns dirigentes pedindo onde podia ver as atas, as normas, o balancete, que escolhe quem, quem vota, enfim uma serie de itens que hoje labuto para modificações na UEB.

                     Como nada encontrei e somente alguns foram gentis para minhas respostas, fui mais enfático mesmo assim me disseram que esses dados são para as pessoas certas, ou seja, para as autoridades que tem o direito de ver e comentar. Não era público. “Abelhudamente” fui a todos os sites que poderiam constar, mas o que precisava para aprender não encontrei. Portanto não posso dizer se elas são democráticas ou não. Falar por falar é fácil. Mas onde estão os relatórios? As atas? Os balancetes?

                      Desde que foram criadas a maioria ainda é liderada pelo seu criador ou dirigente. Algumas tem participantes ativos, cheio de ideais. Vejo fotos lindas, de rapazes e moças sorrindo e fazendo atividades escoteiras. Ali não se preocupam se o caminho é outro. Ali estão participando com amor. E isto é válido. Muito. Mas afirmo quase todas são copias da UEB no passado. Não há novas lideranças ou renovação dos lideres nacionais.

                       Nunca pretendi e nem pretendo me imiscuir nelas. “Dare a Cesare quel che é di Cesare!”. Meu desejo é que produzam frutos. Que os jovens que ali participam sejam felizes e alcancem o que todos nós adultos escoteiros desejamos. Um homem ou uma mulher dentro da sociedade, com ética, caráter, formação religiosa e todas as qualidades da Lei escoteira. Que assim como desejou BP, alcancem seu Caminho para o Sucesso.

                       Quando um dia, não sei quando, ter em mãos uma análise mais completa e detalhada, poderei dizer: - Estão no caminho certo para uma democracia plena. Até então me abstenho de comentar. Tenho amigos que participam com amor e dedicação nos grupos que delas pertencem. Admiro o trabalho realizado, mas tenho milhares de outros que fazem o mesmo na UEB e acreditam como eles no que estão fazendo.

                       Portanto se hoje faço comentários e mais comentários da UEB é porque desejo tudo de bom ao nosso movimento escoteiro. Gostaria de ver ali uma democracia plena. Onde a participação de norte a sul do Brasil pudesse ser consultada. Onde todos os maiores de idade pudessem votar e ser votados, onde haveria uma abertura completa para se discutir idéias e quem sabe até voltar atrás em outras que foram alteradas.

                       Acho que tenho esse direito. Acredito que dentro das hostes da UEB sou o único ou um dos poucos que alardeiam suas idéias aqui na internet. Não conto os que são de outras organizações que procuram discutir o que a UEB faz. Acho que eles deviam continuar o trabalho magnífico que estão fazendo em suas organizações escoteiras. Se saíram e agora formaram uma conforme acreditam, que sejam felizes nelas. Um velho ditado é sábio – “Quem tem telhado de vidro não deve jogar pedras no vizinho”. Certo? Desculpem. Tem muitos que não tem telhado de vidro. (risos)

                        Irei continuar na minha senda de eterno sonhador. Sonhar que iremos chegar ao crescimento anual que acompanhe o da nossa população. Que cheguemos a pelo menos 200.000 membros (bom mesmo seria uma milhão, mas sei que é impossível) em poucos anos e não daqui a 10 anos onde a população brasileira cresceu muito mais. Que todos os escotistas pertencentes a UEB além de fazerem seu trabalho voluntário com amor junto aos jovens, que pensem o porquê não crescemos, o porquê de tanta evasão e porque eles não são consultados sobre as mudanças ou planos que são desenvolvidos.

                         Lutarei sempre para uma democracia plena. Onde todos podem votar e ser votado. Onde a liberdade de expressão seria aceita, onde a oposição (membros da UEB) se um dia fosse acontecer tivesse condições de apresentar a todos os grupos escoteiros no pais suas idéias. E que os dirigentes reconhecessem sem antipatias com essas pessoas. Onde em Congressos eles pudessem falar, mostrar suas idéias, deixar que todos discutam e então levar até aos mais longes rincões do pais onde haja um Grupo Escoteiro.

                        São apenas sonhos. Espero que os meus amigos entendam a minha posição. Gostaria sim de ver a UEB unida em tudo que disse acima e quem sabe fazendo o crescimento sadio nos princípios salutares que Baden Powell nos legou. E que as outras organizações possam viver em paz. Se escolheram um caminho e tem adeptos, que continuem. Que sejam respeitados. Que lutem por ela e deixem que os que participam da UEB caminhem sua própria trilha. No seriado onde o Dr. House é a figura principal, ele disse um dia – “Pessoas agem em beneficio próprio. Vocês estão aqui porque vocês estão felizes por estarem aqui. Ou pelo menos, porque essa é a melhor opção de vocês.”

Mesmo sem ter o registro na UEB acho que tenho esse direito!

“Horrorizai-vos porque queremos abolir a propriedade privada. Mas em vossa sociedade a propriedade privada está abolida para nove décimos de seus membros. E é precisamente porque não existe pra estes nove décimos que ela existe para vós. Acusai-nos, portanto, de querer abolir uma forma de propriedade que só pode existir com a condição de privar de toda propriedade a imensa maioria da sociedade. Em resumo, acusam-nos de querer abolir vossa propriedade. De fato, é isso que queremos.”
– Karl Mark e Friedrich Engels