terça-feira, 17 de janeiro de 2012

PATRULHAS, EXISTEM MESMO?


Aqueles que têm um grande autocontrole, ou que estão totalmente absortos no trabalho, falam pouco. Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza: trabalha continuamente, mas em silêncio.

Patrulhas - existem mesmo?

                       Falar aqui sobre o Sistema de Patrulhas é como falar para o presidente de um banco e ensiná-lo como ganhar dinheiro. Nem pensar. Impossível imaginar que alguém no escotismo não saiba o que significa.  Mas vejamos, será que todo tem consciência da importância de uma patrulha completa na tropa? Por anos e anos com os mesmos patrulheiros? Seja masculina ou feminina? Ou mesmo em matilhas na Alcatéia? Como manter a unidade?

                       Quando fiz meus primeiros cursos no inicio da década de 60, senti na pele o que era conhecer e manter a unidade na patrulha. Em um dos cursos ficamos oito dias juntos acampados. Interessante, no primeiro dia todos com um cavalheirismo e com uma cortesia sem par. – Ei! Deixa para mim, eu faço. Quem? Claro pode contar comigo, serei o lavador de panelas. Claro irei correndo buscar na intendência! Lenha? Sou perito. Lavar roupa de todos? Sem problema, minha mãe me ensinou. Todos rindo. Todos irmãos. Beleza! Como dizem os jovens hoje.

                      Três dias depois começávamos a nos conhecer. Cada um com seu dom de analista, dom que todos possuem, analisavam agora tudo diferente. O numero um, um preguiçoso. O numero dois um mandão. O numero três um dorminhoco. O numero quatro um bobão. O numero cinco o puxa-saco da chefia. O numero seis metido a sabe tudo. O numero sete sempre dizendo que doía aqui e ali. Só eu era perfeito! E assim ia. Aquela amizade inicial ia se desmanchando. Mas no sexto dia, tudo mudava, sentíamos diferente. Mais humanos mais escoteiros. Já admirávamos a todos pela sua maneira de ser. Uma união se formava. Aprendemos a respeitar a individualidade do outro.

                      E no último dia, este era especial. Um amor enorme na Patrulha. Um orgulho de ser um Touro, ou um Morcego, ou um Lobo, enfim, uma união que achamos que ia durar para sempre. Foi assim que vi de forma diferente, o meu tempo de patrulheiro. Diferente porque fazíamos escotismo todos os dias, estávamos sempre juntos, decidíamos, a casa de um e outro podia ser a sede para uma reunião.

                     Atuando em Grupos Escoteiros, vi que muitas vezes os jovens eram advindos de comunidades diferentes. Normas de condutas diferentes. Formação individual diferente. Não se conheciam. Claro, aquelas características em que vi no curso deviam existir entre eles e acredito que de forma diferente também faziam suas análises. E infelizmente por falta de atenção da chefia abandonavam a tropa. Encontrei algumas patrulhas que davam pena. Serviam apenas para jogos, para alegria do chefe em ver um grito de patrulha e a sua satisfação em receber uma apresentação dos meninos.

                      Patrulha? Não. Nenhuma delas tinham entre si jovens que permaneceram por muitos anos. Contava-se a dedo aqueles que participaram de vários acampamentos na mesma patrulha. E tropas novas? Sempre desmanchando as patrulhas para formar outras. Jogos? Os touros tem três? Tira dois da lobo. Por quê? Por quê? Para que viviam em uma patrulha? Para serem jogados aqui e ali? Melhor sair da tropa. O programa na minha rua é melhor. Lá meus amigos me respeitam.

                      - Olhem, dizia o chefe. Sábado como sabem iremos para um acampamento. Como a lobo e pantera estão com poucos elementos (elementos? Pensei que eram escoteiros) vamos dar uma mexida e tirar uns daqui, outros dali e assim teremos três patrulhas completas!!! – Formidável! Perfeito! Encontrou o ovo de Colombo! Um novo BP! Um sistema de patrulhas que devíamos orgulhar!

                          Porque não analisar a saída de alguns, o motivo, ouvir o próprio jovem ou a jovem, e ver onde está o erro? Dele? Dela? Seu? Do monitor? Reuniões ruins? Você já foi a casa deles e procurou saber os motivos reais?  – Meu jovem, o que houve? Qual o motivo? Depois, sim depois mudar se necessário. Claro, você está ali para eles não para sua satisfação pessoal. Eu digo sempre. Tropa com patrulhas de três ou quatro significa mau programa, má formação dos monitores (ou mau chefe, risos) enfim, uma série de fatores que só mesmo os dirigentes da tropa podem analisar
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                         É um tema extenso. Em cursos muitos diretores ficavam além do tempo que tinham para dar suas sessões a contendo. Risos. Precisava interferir se não ficavam horas e horas. E não é aqui que iremos chegar a uma análise completa. Não sei se fui muito direto. Vejo fotos e são centenas onde a tropa formada se apresenta com dois, três ou quatro patrulheiros (as). Desculpas existem. Todos tem. Mas elas não levam a lugar algum.
                       Se isso acontece com você é hora de mudar. Mudar rápido. Como? Ponha seus conhecimentos a funcionar. Você não fez cursos? Não tem uma biblioteca escoteira em sua casa? E afinal não conhece um bom assessor? (risos). Mas desculpem, estou falando para poucos. A grande maioria dos que me lêem sabem como fazer e fazem certo. Pena que estes outros ainda não chegaram à conclusão que eles são grandes responsáveis pela evasão no Movimento Escoteiro.

                        Uma outra vez continuaremos o tema. Claro, se não receber uma série de reprimendas dos meus queridos escotistas que amam e vivem suas vidas pensando e agindo como acreditam na grande filosofia escoteira. Acreditem, não tenho a última palavra, sempre digo e afirmo e repito o que BP disse – Os resultados é que são importantes! 

Sempre Alerta!

Existe trabalho que é trabalho e diversão que é diversão; e existe diversão que é trabalho e trabalho que é diversão. E somente em uma destas opções reside a felicidade.